quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Sobre coisas em ordem

Prateleira

Já foi projeto,
E também vazia.

Fotografia
Impregnada de filosofia
Numa rede social.

Foi Radiografia
Das escolhas e prioridades,
Ou da ausência delas.
Foi assunto na terapia.

Uma trilha de migalhas,
de versos,
versículos,
piadas,
incisos,
realismo e poesia:
o tanto de histórias que cabe numa história só.

Hoje é exposição
com curadoria rigorosa
e segurança redobrada.
Nada fora do lugar.
À história lida enquanto é escrita
é que se chama consciência.

A poesia é quem mais cresce
As robustas antologias se aglomeram
Desafiando a advertência do manual de fábrica:
“dez quilos! Apenas dez quilos!”

Wali e Neruda gargalham,
Cora e Drumond me olham
e eu viro pro manual rindo:
Que dez quilos que nada!
Essa prateleira
e essa vida
suportam poesia
pra mais de tonelada”.




Tendo a Lua

 

Os Paralamas do Sucesso

 

Eu hoje joguei tanta coisa fora
Eu vi o meu passado passar por mim
Cartas e fotografias gente que foi embora
A casa fica bem melhor assim
O céu de Ícaro tem mais poesia que o de Galileu
E lendo teus bilhetes, eu lembro do que fiz
Querendo ver o mais distante e sem saber voar
Desprezando as asas que você me deu
Tendo a lua aquela gravidade aonde o homem flutua
Merecia a visita não de militares,
Mas de bailarinos
E de você e eu
Eu hoje joguei tanta coisa fora
E lendo teus bilhetes, eu lembro do que fiz
Cartas e fotografias gente que foi embora
A casa fica bem melhor assim
Tendo a lua aquela gravidade aonde o homem flutua
Merecia a visita não de militares,
Mas de bailarinos
E de você e eu
Tendo a lua aquela gravidade aonde o homem flutua
Merecia a visita não de militares,
Mas de bailarinos
E de você e eu.



segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Poesia

Onde anda a poesia?
Anda pela janela
E pelos seus ventos
Pela cozinha
E seus cheiros.
Pela varanda e sua vista.

Onde encontrar a Poesia?
No livro de Sônia
Com seu pé de alecrim,
Seu bichano
E seu amigo.
Nas tantas histórias que trago comigo,
Ouvidas nos degraus da vila
Do tio que já não as pode contar.

Onde esbarrar na poesia?
No metrô,
Na mãe e no filho,
Na praia deserta,
No sol,
Na espada, na pena.

Como guardar a poesia?
Espero descobrir um dia.




Cadê? - José Paulo Paes


do Blog http://versosdecrianca.blogspot.com.br/


Nossa! que escuro!
Cadê a luz?
Dedo apagou.
Cadê o dedo?
Entrou no nariz.
Cadê o nariz?
Dando um espirro.
Cadê o espirro?
Ficou no lenço.
Cadê o lenço?
Foi com a calça.
Cadê a calça?
No guarda- roupa.
Cadê o guarda-roupa?
Fechado à chave.
Cadê a chave?
Homem levou.
Cadê o homem?
Está dormindo
de luz apagada.
Nossa! que escuro!