quinta-feira, 26 de maio de 2011

Se é pra falar de caminho...

O POETA INÚTIL

Era uma vez um poeta
Que nunca tinha escrito um  verso.
Um poeta inútil!

E como ser inútil era feio,
e ser feio era esquisito,
e ser os três inaceitável,
o poeta abandonou a pena,
inútil,
e abraçou a espada,
porque pra um homem com uma espada
sempre há utilidade.

E só pra ser útil,
brandiu a espada,
sem se importar com o sangue
que ia ficando para trás,
porque guerreiros não ligam pra manchas de sangue.
Até que sua visão escureceu
só então se deu conta
que o sangue no chão era seu,
o ferido da batalha era ele.

Na longa jornada de volta,
ferido e cansado,
com a ponta da espada
pesada e inútil,
entalhou numa árvore
o único poema que viria a escrever:
“Mais vale a pena que não usei,
que a espada que empunhei.
No fundo, inútil tudo é,
menos o que prescinde de utilidade,
como a poesia que carrego em mim”.

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