sexta-feira, 17 de junho de 2011

Sobre o amor

MEU AMOR

Meu amor é inquietude
as vezes até incômodo
e quando me inquieta
é que me mexo,
e assim meu amor se faz jornada.

Meu amor é pedido
as vezes até súplica
e quando me pede,
é que respondo
e assim meu amor se faz escolha.

Meu amor é indecisão
as vezes até crise
e quando não decide
é que me aquieto,
e assim o meu amor se faz espera.

Meu amor é vem e para; é vai e fica.
Meu amor é volta aqui e também é não vai mais.

É carinho exigido,
afeto reivindicado,
amor inegociável,
paixão que não se apague...

É mansidão inflexível,
fazer incansável,
busca inextinguível, Ufa!
Meu amor não para!

Procurei tanto por um amor
quietude,
certeza,
tranqüilidade.
Ainda bem que não achei!
Posso viver sossegado,
o gostoso desassossego
que é o meu amor.

É bom ou ruim?
Quer meu amor saber
de tudo que faz,
de tudo que faço.

Não é bom nem ruim meu amor: é poesia.


AMOR

O ser busca o outro ser, e ao conhecê-lo
acha a razão de ser, já dividido.
São dois em um: amor, sublime selo
que à vida imprime cor, graça e sentido.

                        *
Amor – eu disse- e floriu uma rosa
embalsamando a tarde melodiosa
no canto mais oculto do jardim,
mas seu perfume não chegou a mim.
           
                        Carlos Drummond de Andrade.

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